Se eu fosse mais criativa viraria roteirista E cineasta de produções LGBTQs

27 . junho . 2023
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Entendo que o destino organizou tudo direitinho para que eu escrevesse essa news em junho, em pleno mês do orgulho.

E o que isso tem a ver com o conteúdo desse texto aqui? Tudo! 😉 

Sempre fui uma pessoa viciada em assistir filmes e séries, uns dizem que é para fugir da realidade em que vivemos, outros ousam dizer que é só por diversão e entretenimento. Eu aposto nas duas opções. Já houve épocas em que eu até queria ser atriz, roteirista e cineasta (houve ou ainda há?). Embora esse costume esteja presente constantemente, a dificuldade em encontrar conteúdos que retratam pessoas LGBTQ é do mesmo tamanho que o meu vício nesse tipo de entretenimento: enorme. E quando encontrava, o final sempre era horrível e deixava uma sensação pior ainda, alguém sempre morre no final e nunca há espaço para um final feliz entre casais homossexuais, mais precisamente casais sáficos.

Acho que sinto falta da representatividade em uma comédia romântica que aborda o relacionamento entre duas mulheres, que seja uma besteirinha que a gente pode rir e torcer para que no final de tudo as duas fiquem juntas. 

Deve ser muito trabalhoso… Se eu fosse mais criativa viraria roteirista E - não bastando - também cineasta.

De acordo com o relatório de 2021 da GLAAD (Aliança de Gays e Lésbicas Contra a Difamação), ONG em defesa da comunidade LGBTQ, somente 20,8% dos filmes lançados nos cinemas pelos principais estúdios norte-americanos* possuíam representatividade. 

Já quanto às séries produzidas, a maioria delas que possuem alguma representatividade sáfica acaba sendo cancelada logo na primeira temporada, salvo algumas poucas que sobreviveram por mais tempo nas telas. 

Ainda que essa representatividade não seja grande diante das telas e a falta de narrativas autênticas seja ainda maior, há um crescimento - mesmo que pouco - do tema na indústria. Só em 2022, tivemos filmes e séries de sucesso que foram lançados, o que nos traz um pouco mais de esperança. Entre esses sucessos, há a série original do Prime Video, A League of Their Own, tendo como uma das criadoras e personagem principal Abbi Jacobson, uma atriz, escritora, diretora e comediante bissexual assumida. A série, que foi renovada para uma segunda temporada de quatro episódios, aborda diversos temas de cunho social, como a inclusão de mulheres dos anos 1940 nos esportes, histórias de mulheres lésbicas e bissexuais, questões raciais, entre outros pontos que são o alívio cômico da trama. 

Citei apenas uma série para não me alongar no tema, porque se deixasse eu poderia escrever tanto que não seria mais uma newsletter para você e sim um livro! O ponto é, esse mês do orgulho me fez refletir ainda mais o que já venho refletindo há algum tempo: será que é tão difícil criar um roteiro para um filme ou uma série, até mesmo para uma novela, que seja autêntico, que seja uma comédia romântica entre duas mulheres, que não haja preconceitos (muito utópico talvez?), que seja um romance leve, que a gente possa acompanhar a trajetória do casal e que no final tudo dê certo igual nas milhares de produções heteronormativas que existem por aí? Minhas amigas redatoras me ajudem com essa, por favor. 

Precisamos de mais A League of Their Own (2022), Imagine Me and You (2008), de mais Summerland (2020), Happiest Season (2020), Crush (2022). Precisamos de mais produções que nos tragam esperança de finais bons, sejam elas para fugir da realidade ou para diversão e entretenimento. A Bruna viciada em filmes e séries clama por tudo isso e, acredito eu, que outras como eu também esperam que isso aconteça. 

Beijos,

Bru.

Esse texto foi escrito acompanhado por uma xícara transbordando de café e essa playlist maravilhosa. 

*Walt Disney Studios, Liongsgate, Paramount Pictures, Sony Pictures, Universal Pictures, United Artists Releasing e Warner Bros.
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